
AME.M4.7 - Práticas, técnicas e dispositivos em Artes-Manuais para Educação
Profa. Dra. Nina Veiga
Tingimento
Você já colecionou casca de cebola?
Você já cozinhou beterraba com fraldinhas de bebê?
Você já aguardou ansiosamente a quaresma chegar para ir pela estrada colhendo macela?
Não?
Pois eu sim.
Queria tingir, mas não sabia.
Queria tingir, mas não tinha informações.
Queria tingir, mas só sabia algumas coisas de ouvir dizer.
Vivi num tempo sem livros importados, nem publicações nacionais sobre tingimento.
Vivi num tempo sem internet, sem vídeo cassete, sem filmes sobre um assunto que não importava a ninguém.
Neste tempo, só a transmissão oral vigorava.
As artes da casa eram transmitidas pelas avós, tias, vizinhas.
E eu não tinha ninguém por perto que soubesse tingir.
Por isso, inventava, testava, fracassava, quase sempre, mas às vezes, conseguia e sorria.
Hoje em dia, os cursos, os tutoriais, as telas, os livros, os feeds, os tiquetoques são ótimos e abundantes, mas podem nos enfraquecer.
Podem enfraquecer a curiosa em nós, a cientista em nós, a diletante em nós, a errada em nós.
Podem enfraquecer a experiência.
E é só na experiência que aquela sensação incrível de não saber e fazer mesmo assim pode surgir.
É só na experiência que o medo de arriscar e fracassar pode vir purinho,
sem comparação, sem submissão, sem desqualificação.
Bora experimentar?
Nina Veiga
Na minha Tese tem um bloco de sensação, intitulado "Tintura', nada tem a ver diretamente com tingimento, mas tem a ver com experimentação, com deriva, com fazer sem certeza, e como isso é muito bom.
Formulário anônimo para saber quem sabe tingir e gosta de experimentar
Trouxe esse vídeo como exemplo de pesquisadora de tingimento naturais.
Um vídeo da Pós-Graduação Artes-Manuais para Terapias com uma experiência.
Nas fotos, fragmentos do diário de campo de uma artista pesquisadora
Acesse o Diário de Campo, de Mariana Guimarães aqui
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